Diante da Dor dos Outros, de Susan Sontag
Olá, Letrandos 😊
Diante da dor dos outros, de Susan Sontag, demonstra reflexões sobre como o ser humano reage ao se deparar com imagens que apresentam o infortúnio e a calamidade, causados pela violência extrema em acontecimentos como as guerras.
Mais especificamente materializada em forma de fotografia, a autora exibe sua evolução à medida que as máquinas de captura passam a registrar os momentos no front. Segundo observou Ernest Jünger “não existe guerra sem fotografia”, referindo-se à ajuda dos equipamentos óticos na localização do inimigo.
Além dessa ‘utilidade’, quais outras elas teriam? Como lidar com as diversas questões suscitadas diante de tal exposição? Principalmente em tempos de maior acesso à tecnologia, que permite o alcance e a rápida disseminação de informação e imagens:
Quem é o “nós” que constitui o alvo dessas fotos de choque? Esse “nós” incluiria não somente os simpatizantes de uma minúscula nação ou de um povo sem Estado e em luta pela vida, mas também — uma clientela bem mais ampla — aquelas pessoas apenas nominalmente preocupadas com alguma guerra torpe travada em outro país (p.20).
Assim, Sontag expõe exemplos de registros fotográficos de guerras utilizados nas televisões, exposições, memoriais e livros. Cada um deles atingindo um uso e os diversos olhares sobre a questão:
Há muitos usos para as inúmeras oportunidades oferecidas pela vida moderna de ver — à distância, por meio da fotografia — a dor de outras pessoas. Fotos de uma atrocidade podem suscitar reações opostas. Um apelo em favor da paz. Um clamor de vingança. Ou apenas a atordoada consciência, continuamente reabastecida por informações fotográficas, de que coisas terríveis acontecem (p.35).
Outro ponto abordado pela autora é a função da imagem na criação da memória de um povo. A exemplo, cita a ausência de um Museu da História da Escravidão, nos Estados Unidos, e a presença do Museu do Holocausto. Isso pode justificar-se devido à intensão de manter o país isento de, em algum momento de sua trajetória, ter feito parte do “mal”. Afirmando, assim, a tese da existência de uma instrução coletiva, em oposição a uma memória coletiva…
Fatalmente, alguns sentimentos podem nos tirar a atenção do foco principal: mais importante que a memória, é o pensamento sobre os fatos que nos faz refletir, aprender e não esquecer a que ponto pode chegar o comportamento humano e, assim, evitar que barbaridades se repitam.